segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

da série: redações da faculdade, o que eu faço com isso agora?


Análise – Versão Americana da franquia American Idol


“Quem será o próximo ídolo americano? É o que descobriremos hoje em American Idol.”

Quando tratamos do termo cultura de massa, a dúvida é irrefutável: estaríamos formando realmente uma cultura ou apenas estaríamos impondo algo a essa massa? Algo produzido para ser consumido e aceito rapidamente sem grandes questionamentos pela maioria da população e nada mais?

Em um programa que tem como objetivo máximo encontrar o seu próximo ídolo, seria essa a forma mais expressiva de imposição de massa, diriam os apocalípticos.

Um ídolo seria alguém que admiramos, e que ao longo do tempo, criamos uma empatia. Até ai, passamos a acompanhar a vida daqueles candidatos e sua jornada ao sucesso; ouvimos sua voz e, mais do que apoiamos seus sonhos, o sustentamos.

Mas, para tornarem-se (se é que podemos nos referir a esses termos), astros da música, não basta apenas simpatia, mas o que vale acima de tudo é fazer com que o público apaixone-se por sua música e principalmente pelo que têm a dizer através de suas letras.

No reality show, nenhuma música é de autoria própria, mas somente versões de músicas famosas; quando o sobrevivente ganha o tão esperado contrato com a gravadora, canta uma música inédita, mas não se anime caro amigo: a música é escolhida pelo público e não pelo “ídolo”.

Sim, você pode pensar que o público realmente escolhe seu ídolo das próximas cinco semanas, já que é ele quem vota, e como disse, até produz sua música final. Mas, a partir do momento em que precisamos de um programa produzido por uma das maiores redes de televisão dos EUA e patrocinado pela multinacional Coca-Cola para clamá-lo como ídolo nacional (e porque não, internacional), você sabe que alguma coisa está errada.

Um show de calouros mais arrojado e bem mascarado, mas ainda assim, a fórmula básica de desconhecidos cantando para um público que vê aquilo apenas como mais uma novela.

Um apresentador carismático e três jurados sendo um produtor musical, uma coreógrafa e o próprio idealizador do programa que não tem medo de falar o que pensa, constituem o elenco fixo da “novela” de calouros.

O sucesso do programa nos EUA seria o equivalente à fama do Big Brother no Brasil. Cerca de 30 milhões de espectadores param, duas vezes por semana para assistir seus candidatos favoritos cantarem sucessos dos mais diversos temas e muitas vezes com convidados especiais (em sua maioria, consagrados cantores pop).

São milhões de votos, o que não deixa de ser interessante notar como a comoção do público americano para votar em um programa de televisão é assustadoramente grande, enquanto faltam eleitores politicamente ativos em um país em que o voto não é obrigatório.

No dia seguinte, o menos votado é eliminado. “Desculpe, mas você não será o próximo Ídolo Americano. E com vocês, a última música cantada por Fulano!”. Ironia é que depois de saber que ele não realizará seu tão esperado sonho americano, terá que cantar a música que o fez sair.

O mais irônico é que, depois de 8 temporadas, mais de 200 candidatos selecionados, o participante que ganha um Oscar por melhor atriz em um musical da Broadway, é justamente aquela que não ganhou o programa.

Irônico é o mínimo que se pode dizer, sem dúvidas.





Deixemos claro que este texto foi escrito em abril do ano passado (2008) ou seja, nada de Kara, Obama ou qualquer coisa muito atual ok?
Incrível como em menos de um ano, metade do que eu escrevi poderia ser reescrito de uma maneira totalmente diferente, mas isso fica pra um próximo post então.

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