segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

da série: redações da faculdade, o que eu faço com isso agora?

Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago

Quando o primeiro cego anuncia viver sob uma “treva branca”, ninguém suspeita do começo de uma epidemia que se alastraria por toda a população; uma cegueira branca, inexplicável.
Logo, a população se vê (com o perdão da ironia), frente ao desconhecido e age do jeito como só ela sabe agir frente ao perigo – isola os infectados em quarentena.
Porém, os casos continuam a surgir ao ponto de atingir a todos. O que acontece quando ninguém mais vê? Como as pessoas agem quando ninguém, nem elas mesmas, podem ver?
Saramago retrata uma impressionante regressão aos instintos primitivos, a caça à comida, ao abrigo, a ganância; o instinto de sobrevivência e o pânico cego. Muitos, atingidos a caminho do trabalho, não conseguem voltar pra casa; perdem-se de suas mães, pais, maridos e filhos. Ninguém vê, exceto a mulher do médico.
E é sob o olhar dessa mulher que acompanhamos a trajetória de um povo desesperado por respostas e sentimos junto a eles, o temor e a vulnerabilidade a que estão sujeitos.
Os personagens não têm nome e o livro não se passa em nenhuma cidade ou país específico; é como se Saramago não se importasse com esses detalhes, por assim dizer, mas com o que as pessoas realmente são - “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos” – diz uma personagem.
Mas o livro trata, acima de tudo, de valores, princípios, solidariedade e amor nos resquícios de uma sociedade que um dia existiu.
Cada leitor viverá uma experiência única, que o fará abrir os olhos, ver, no real sentido da palavra e que o fará refletir sobre a vida em uma perspectiva da qual nunca imaginou ser possível.
E a expressão “o que os olhos não vêem o coração não sente”, deixará de ter qualquer significado para quem ler “Ensaio sobre a Cegueira”.





Achei o filme maravilhoso também. Admiro o Fernando Meirelles pela sua formação e a direção dele nesse filme foi realmente muito boa! Quem sabe um dia eu chego lá, não é mesmo? :)

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